Dia destes um grupo de jornalistas,amigos,num final de tarde no Mercado Público em Porto Alegre,debatíamos a expressão popular"a ocasião faz o ladrão", surgindo ali varias teses e tudo porque momentos antes um menino fugia da Brigada por ter furtado uma bolsa de uma senhora na rua.Mas evoluimos para as " ocasiões",de outros ladrões com ou sem,mas a maioria com colarinhos brancos e ternos caros.
Confesso que o vai e vem semântico deixou-me confuso.
É a ocasião que faz o ladrão? Ou o ladrão é quem faz a ocasião? Ou ainda o ladrão já existe e se aproveita da ocasião? garanto que existem mais versões,mas sempre tem o ladrão com ou sem ocasião.
Certa vez ofereceram-me a oportunidade de ter uma casa asobradada,com piscina e num otimo loteamento.Não precisava corromper-me,porque quem oferecia a ocasião era outra pessoa,preocupada com a minha pobreza.
Porém,assaltou-me a dúvida: como é que ganhando o que ganhava- apesar de cargo importante,explicaria aquela casa.Falei com a família,expliquei o que era,como era e quiz consenso.O consenso indicava que não havia como deixar que os outros concluísem que havia corrompido-me.Perdi a casa e até hoje estou sem residencia propria,será que agi errado.Na oportunidade decidi ser contra,mas vi tantos locupletando-se da função pública e que disso usufruiram grandemente,que tenho dúvidas e vou morrer com elas.
Por isso escrevi certa vez no jornal Correio do Sul Regional,do meu Arroio Grande ,que corrupto nasce na sala de aula ou morre ali.
O menino líder de aula fica com o dinheiro arrecadado para a primeira formatura,nada acontece,depois com a grana da rifa da escola e cresce o bichinho.Faz o mesmo na faculdade,no escritorio,na vereança,na Assembléia,no secretariado,no Congresso Nacional,no Governo e vai morrer corrupto e como todos,bem sucedido,quem sabe uma CPI aqui,denuncia do MP,mas vai escapar.Todos escapam.
Como é que podemos dizer aos pequenos que crime não compensa?
Ladrões nascem e não morrem,a menos que os pais assim desejem,que os façam devolver o dinheiro da rifa e corrijam da maneira tradicional,ou acobertem desde o início.Está feita a correção ou incentivo.
Enfim,Ruy Barbosa tinha razão,a Patria é a Familia amplificada.
