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segunda-feira, 19 de maio de 2008

:: A Dança do Rádio ::



O poder de descentralização deriva do fluxo de novas idéias, imagens e energia para todas as partes do organismo político. Concentrações de poder são tão antinaturais e fatais como um coágulo de sangue ou um fio elétrico desencapado.

"Ferguson"


O espectro do rádio jornalismo AM anda absolutamente na mesmice. A tal ponto que formaram verdadeiro politiburo de fontes e em todas elas, práticamente falam as mesmas pessoas sobre os memos assuntos. Este é um fenômeno da mídia eletrônica no Pais, pois, 85 % das materias dos telejornais é sobre os mesmos assuntos, principalmente as internacionais. No rádio aqui não é diferente e diga-se não é de hoje, vem desde longa data.

Portanto, fique zapeando no dial que poderá ouvir a mesma pessoa-fote falando em pelo menos duas, das quatro emissoras AM de jornalismo da Capital. Mas, isto não é o mais grave. difícil de entender que sejam também estas fontes representantes das " zelites ",dos patrões e suas entidades. Representante de trabalhadores não fala nas nossas rádios.

Até o papagaio já falou, mas sindicalista, presidente de associação comunitária ou afins, não falam.

Está identificado o alheiamento da mídia rádio com a maioria da população e seus anseios.

Esta mídia, discute problemas de trânsito e não houve motoristas de taxi ou de ônibus. Debate educação e não houve estudantes e faz o mesmo com os problemas da comunidade sem ouvir o representante da associação da vila. A qualidade do ensino universitário é sempre resultado de pesquisa, nunca da voz do estudante que paga e não recebe de volta.

Claro que todos nós cansamos de ouvir os presidentes da Federasul, da Fiergs, da Farsul, da Câmara de Vereadores, da Assembléia Legislativa, Prefeito e Governadora, deputados em geral, senadores, mas e o cara da associação comunitária, o líder do MST, dos Sem Teto, dos desempregados? Estes, sem voz preferem as ruas, trancam tudo com suas passeatas enchem o saco do poder gritando na praça. Fazer o quê,se não tem mídia, estão sem voz e por isso gritam e caminham.

Os debates radiofônicos não produzem pautas populares, nem para estes programas são convidados os representantes da população. Tem sempre doutor, phd, mestre, enfim, mas e o cara da Vila vai falar, não tem opinião respeitável ? Olha, até as ONGs escolhidas são sempre as mesmas.

Talvez esteja aí a explicação para tanta pressão em cima das radios comunitárias e a dificuldade de liberação dos canais. Sem voz e sem vez este POVO procura por alternativas onde possa ser ouvido, reconhecendo a força do rádio nas suas reivindicações. Não admirem-se os donos da voz, aqueles a quem estão franqueados os microfones se ao chegarem na vila encontrarem um clima muito diferente da expectativa que faziam. Estão sendo enganados porque suas mensagens não chegam aos mais pobres, pois, estes não ouvem quem não fala deles.

O radiojornalismo de Porto Alegre é elitista.