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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

:: Pesquisa OAB Brasil ::


A matéria é longa, mas excelente porque enriquece com informação quem le.
Pesquisa sobre o que pensa o brasileiro sobre a Justiça

O Conselho Federal da OAB divulgou dia 10/11 os resultados da pesquisa nacional de opinião pública sobre a Advocacia e o Judiciário.
O planejamento da pesquisa foi feito pelo Instituto “Toledo & Associados.”
Os resultados revelam as opiniões e expectativas das populações das classes sócio-econômicas A, B, C e D, de 16 (dezesseis) capitais brasileiras, quanto à imagem do Poder Judiciário, incluindo a advocacia, promotoria e magistratura.
Foram realizadas 1.700 entrevistas.

Principais conclusões

A escolha de uma profissão, hoje
Se fossem escolher uma profissão, 27% dos entrevistados escolheriam a profissão de médico, 16% de professor e 12% de advogados. Estas escolhas são coerentes com a admiração e prestígio que estas profissões têm na sociedade.

Ramos preferidos da advocacia
Na advocacia os ramos preferidos foram:
Criminal: 33%Família: 28%Civil: 15%Trabalhista: 10%A confiança e desconfiança nas instituições brasileiras

Segundo os resultados da pesquisa, as instituições mais confiáveis são as seguintes:

Igreja: 74%

Imprensa: 60%

Presidência da República: 58%

Advocacia: 55%

Poder Judiciário: 39%

Ministério Público: 37%

Congresso Nacional: 34%

As razões da desconfiança no Poder Judiciário, Ministério Público e Advocacia
Há 84% de razões negativas a respeito do Poder Judiciário contra apenas 22% de razões positivas.
A principal razão negativa é “Por haver muitos juizes envolvidos em escândalos/ lavagem de dinheiro/ corrupção/tráfego de drogas” = 35%.
O sentimento de que “não cumprem as leis e fazem a justiça privilegiando os ricos” com 27% é a segunda razão mais citada.
A razão positiva mais destacada é “Por tentarem, se empenharem para poder aplicar e promover a justiça” com 17%.
As demais, positivas, não tem densidade.
O Ministério Público provoca desconfiança em 28%.
No entanto, há 78% de razões negativas para apenas 29% de razões positivas.
Destacam-se duas de caráter negativo:
por existir muita corrupção/ venda de sentenças e desvio de dinheiro = 29%; porque atendem e privilegiam quem tem dinheiro, e quem pode pagar são os ricos = 9%.
A razão positiva mais freqüente é:
por serem honestos/ trabalham honestamente = 12%.
A Advocacia provoca desconfiança em 30%.
No entanto, surgem 78% de razões negativas e 41% de positivas.
Entre as negativas destacam-se duas:
por ter alguns que são corruptos, desonestos = 29%; porque alguns só pensam em dinheiro, só visam o lucro e estão a favor de quem paga mais. Só defendem os que tem dinheiro/ pagam melhor = 35%; por ter alguns que enrolam/enganam seus clientes. Não resolvem as causas= 11%.
Há, entre as positivas, dois destaques:
por lutarem por causas que pegam, e vão até o fim. Defendem realmente seus clientes= 27%; porque alguns são honestos= 14%.

A formação escolar no Sistema Judiciário
O grau de desconhecimento, em diversas questões, é altamente preocupante.
A maioria apenas sabe qual curso deve ser feito para se tornar advogado = 80%.
Com vistas a Juízes de Direito, 60% sabem que fazem o curso de Direito, mas ignoram sobre o Concurso Público necessário.
É por isso que 40% não sabem responder corretamente a este respeito.

Juízes e promotores devem prestar o Exame de Ordem na OAB?
Depois de todos os entrevistados serem informados sobre a OAB, 77% concordam que juízes e promotores também devem prestar o exame na OAB, exclusive aqueles que, antes de se tornarem, por concurso público, juízes e promotores, exerciam a advocacia.
Diferenças de função entre Advogado e Promotor Público
Nada menos do que 50% não souberam responder esta pergunta.
Dos 50% que afirmaram saber, 60% acham que promotor somente acusa, incrimina. Apenas 18% disseram, corretamente que promotor de Justiça representa o Estado.

Diferença de função entre advogado e juiz de Direito
Há 39% que não souberam dizer nada concreto e correto a respeito. Os 61% responderam corretamente sobre a função de um e de outro.Diferença de função entre juiz de Direito e promotor público.Há 57% que disseram não saber as diferenças das funções. Dos 43% que disseram que sabiam, há poucos que souberam dizer o que faz um promotor público. A maioria soube dizer o que faz um juiz. Então, há quase 80% que não sabem dizer as diferenças.Contratação de AdvogadosApenas 17% dos entrevistados contrataram advogados nos últimos dois anos. O critério de escolha do advogado mais usado é a indicação de parentes, ou amigos = 45%. Outros 35% escolhem advogados amigos.Em 14% dos entrevistados, houve familiares que contrataram advogados nos últimos dois anos.

Qual a função mais importante para que a justiça seja feita?
São 43% os que valorizam a função de juiz, para assegurar a realização da Justiça. Para 22% é o advogado a figura mais importante e apenas 6% citaram o promotor.A presença do
advogado.Para 91%, a presença do advogado na hora de se procurar a Justiça é indispensável.

Punições de advogados pela OAB.
Apenas 10% tomaram conhecimento de punições impostas pela OAB em advogados negligentes e faltosos.Defesa de certos tipos de criminososHá 58% de entrevistados que não concordam que advogados defendam criminosos confessos, reincidentes. Outros 37% acham que sim, que os advogados existem para defender os acusados.

A revista de Advogados que visitam seus clientes presos
Para 92%, os advogados devem ser revistados quando visitam seus clientes nas prisões.

A crença na Justiça brasileira
A sociedade brasileira está dividida a respeito da credibilidade da Justiça. Este resultado é coerente com os anteriores. Se há reticências, desconfiança por parte expressiva da amostra, é natural que a crença na Justiça fique comprometida. São os juízes, desembargadores, promotores, advogados e, às vezes, a polícia, que procuram fazer a Justiça no País. Se parte expressiva destes não merece confiança, como acreditar plenamente na Justiça brasileira?Por isso 47% acreditam (plenamente= 7% e em parte= 40%) e 41% desacreditam (em parte 24% e plenamente= 17%).

Prisão só existe para pobres
Há 74% que concordam que, no Brasil, a prisão só existe para pobres, pretos e prostitutas. São os três P’s da linguagem popular.Para estes 80% os ricos estão livres da prisão.

Projeto de Reforma do Judiciário e prazo
Há 34% que sabem da existência, há anos, de um projeto de reforma do Judiciário. Para 86%, este projeto, com ou sem reformas, deve ser aprovado com urgência. Sabem que isto contribuirá para que a Justiça seja uma instituição confiável para a grande maioria da sociedade brasileira.

Principais problemas brasileiros
Os problemas que mais afligem os entrevistados são:
Desemprego= 86%Saúde= 79%Violência/Armas= 67%Educação/ Escolas= 57%Casa própria/Moradia= 41%A morte provocada pela fome, no BrasilApenas 12% afirmam ter conhecimento de alguém que morreu de fome no Brasil. Para 46% estas mortes ocorreram no nordeste, em diversos estados e cidades.Curiosamente, 47% entre os paulistas atribuíram as mortes na região Nordeste.Para 41% foram crianças que morreram de fome. Há, ainda, 23% que souberam do fato pela TV.

Redução da idade penal
Nada menos do que 89% concordam com a redução da idade penal para 16 anos.A pena de morte para crimes hediondosA pena de morte, mesmo que seja punição para crimes hediondos, divide parcialmente os brasileiros. Há 52% que são favoráveis a ela e 41% contrários.A Justiça funcionaria sem a participação do advogado?Para 93% dos entrevistados a resposta a esta pergunta é “não”.

Fatos que afetam a credibilidade da Justiça
Para 92% dos entrevistados, fatos como o escândalo no TRT Paulista (juiz Nicolau dos Santos), Banestado, denúncias de venda de sentenças e assédio sexual praticado por juízes, afetam bastante a credibilidade da Justiça. Provavelmente, casos como estes, impedem uma melhor avaliação e confiança na Justiça brasileira.O fortalecimento do papel do Ministério Público a partir de 1988 e conseqüênciasHá 58% de entrevistados que concordam que muitos promotores e procuradores, a partir do fortalecimento do seu papel na vida judiciária brasileira, passaram a extrapolar suas funções, abusando da exposição na mídia
(Fonte: Site da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB - Novembro/2003