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terça-feira, 13 de novembro de 2007

:: E lá se foram 30 anos ::







Foi em 1977 que deixei Pelotas para seguir meu caminho profissional pelo País. Fui arranchar-me em Brasília e de lá acompanhava os minutos finais do Seletivo na narração do Braunner e as reportagens do Solón Silva Show (o Aquarela Brasileira). A saudade era enorme e nos meus ouvidos ecoava o canto da massa xavante quando despedi-me num jogo que seria o último em Pelotas. Agitavam bandeiras e cantavam... quem parte leva saudade... podem imaginar a emoção?


Tantas foram as nossas conquistas. Ficaram para trás a Copa Governador de 72, o citadino de 76 e a decisão em Estrela no maior feito daquela década, e na seguinte teríamos o terceiro lugar no Brasileirão.


Mas, jamais apagou-se em mim a brasa xavante e hoje olho meu neto dizer que é "basil de pelotas" com muito orgulho, ás vezes vestimos nossas camisetas e saímos por Porto Alegre exibindo nosso prazer. Neto criado pelo avô, sofre outras influências de padrinhos e da mãe por outras bandeiras, mas nunca deixa de dizer que é "basil de pelotas". Temos esse acordo, que faz parte de marcas na nossa relação.


O Lucas foi morar com os pais na casa do outro avô, era nenêzinho e precisava marca-lo com alguma coisa que o fizesse lembrar-se de mim. Criei o código de apertar o narizinho e fazer o som de buzina.


Um dia, fui na creche buscá-lo, a diretora não queria liberar e disse-lhe que podia provar que era o seu avô. Subi na sala de recreação e chamei-o pelo nome, não deu bola e repeti com o gesto de apertar o nariz e buzinar o código", bi, bi vovô". Abriu o sorriso e abraçou-me. Saímos juntos dali. Assim é o código xavante com ele e por maior que seja a influência grenal jamais será primeiro um deles, sempre será xavante, antes de mais nada. Considero que esta é a maior contribuição da minha vida ao Brasil, faze-lo um pouco mais eterno na preferência do meu neto e quem sabe um dia não vestirá a camiseta gloriosa para entrar em campo e bombardear o adversário com sua canhota, hoje, já é poderosa e tem só quatro anos.

Hoje, não tenho a energia de outros anos e minha contribuição segue sendo intelectual, além da mensalidade de sócio e o reconhecimento da minha carteira de conselheiro.

O Brasil é um caso sério, uma energia que a todos move.
Estou preparando uma camiseta preta e vermelha onde vou escrever:

"sou xavante e me basta para ser universal."









João Garcia