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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

:: Urna Viciada ::


O ELEITOR COMO REFÉM


Tenho pensado, ultimamente, na semelhança da síndrome de Estocolmo com uma parcela da população de eleitores no nosso país, que se comportam , na hora de votar, como reféns.
Existem semelhanças, para mim, muito significativas, entre o eleitor-refém , e o psicopata-sequestrador - político.
A saber:
A Síndrome de Estocolmo é um estado particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestro,ou por pessoas detidas contra sua vontade , na qual os reféns desenvolvem um relacionamento afetivo com seu captor.Essa solidadriedade pode , algumas vezes, se tornar uma verdadeira cumplicidade, com os reféns ajudando seu captor a alcançar seus objetivos.A Síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar sua simpatia, e recebeu este nome em referência ao famoso assalto de Norrmalstorg ,do Kreditbanken de Norrmalstorg, Estocolmo.
Ele durou de 23 a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores , mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado.
Mostravam um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram.Além disso, duas das vítimas se casaram com os sequestradores após o término do processo.
A Síndrome se manifesta da seguinte maneira: durante o processo, os reféns começam por identificarem-se emocionalmente com os sequestradores , a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação ou de agressão violenta. Assim sendo, pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados, porque, do ponto de vista do refém, é muito difícil, senão impossível , ter uma visão clara da realidade nessas circunstâncias e conseguir mensurar o perigo real.
As tentativas de libertação, são , por esse motivo, vistas como uma ameaça, porque o refém pode correr o risco de ser agredido ou magoado.
É importante notar que os sintomas são consequências de um stress físico e emocional intenso.O complexo e ambivalente comportamento de amor e ódio simultâneo para com o captor pode ser uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas.
Entretanto, esse processo da Síndrome ocorre sem que a vitima tenha consciência disso.
A mente fabrica uma estratégia ilusória para proteger a psiqué do refém.A identificação com o sequestrador ocorre para propiciar um afastamento emocional da realidade perigosa e violenta à qual a pessoa está sendo submetida.
Tal Síndrome pode se desenvolver em vítimas de sequestro(temos exemplos da milionária Patty Hearst em 1974 e da jovem Natascha em Viena ), durante guerras, em sobreviventes de campos de concentração , em pessoas que são submetidas à prisão domiciliar por familiares, por mulheres e crianças vítimas de abuso ou violência doméstica,etc
O sequestrador faz tamanho estrago na mente da vítima , porque é um psicopata e , portanto , carente de princípios.
Este tipo de psicopata se apresenta freqüentemente associado às personalidades narcisistas . Por coincidência, podemos verificar tal tipo de personalidade em alguns políticos.
Exibem com arrogância um forte sentimento de autovalorização, indiferença para com o bem estar dos outros e um estilo social continuamente fraudulento.
Existe neles sempre a expectativa de explorar os demais .Há neles uma consciência social bastante deficiente e se faz notória uma grande inclinação para violação das regras, sem se importarem com os direitos alheios. A irresponsabilidade social se percebe através de fantasias expansivas e de grosseiras, contumazes e persistentes mentiras.
Podem estar presentes entre sociedades de artistas , políticos , e de charlatões,e muitos são vingativos e desdenhosos com suas vítimas.
O psicopata, sem princípios, mostra sempre um desejo de correr riscos, sem experimentar temor de enfrentar ameaças ou ações punitivas. São buscadores de novas sensações. Suas tendências maliciosas resultam em freqüentes dificuldades pessoais e familiares, assim como complicações legais.Estes psicopatas narcisistas funcionam como se não tivessem outro objetivo na vida, senão explorar os demais para obter benefícios pessoais. Eles são completamente carentes de sentimentos de culpa e de consciência social. Normalmente sua relação com os demais dura tempo suficiente em que acredita ter algo a ganhar.(por exemplo, o período eleitoral)
Eles exibem uma total indiferença pela verdade, e, se são descobertos ou desmascarados, podem continuar demonstrando total indiferença e negando a verdade , sempre.
Uma de suas maiores habilidades é a facilidade que têm em influenciar pessoas, ora adotando um ar de inocência, ora de vítima, de líder, enfim, assumindo um papel social mais indicado para a circunstância. Podem enganar a outros com encanto e eloqüência. Quando castigados por seus erros, ao invés de corrigirem-se, podem avaliar a situação e melhorar suas técnicas em continuar a conduta exploradora.
Carentes de qualquer sentimento de lealdade, juntamente com uma extrema competência em desempenhar papéis, os psicopatas normalmente ocultam suas intenções debaixo de uma aparência de amabilidade e cortesia.
Portanto, o eleitor fica uma presa fácil.
Certos políticos transformam seus eleitores em reféns, O eleitor – refém é aquele que , em função do stress e da frustração decorrentes das falcatruas, crimes e mentiras cometidos por alguns governantes e políticos, fica tão fragilizado e assustado que é capaz de aliar-se novamente ao candidato-sequestrador nas próximas eleições.
Os sentimentos de frustração , decpção e revolta podem mascarar-se , defensivamente e hipnóticamente, como idolatria.
Na hora de votar, a porta do cativeiro fica aberta,mas o eleitor-refém está tão atordoado que não sabe para onde correr., e, qual perdizes atravessando a estrada do taim, morrem atropelados , pelo voto.
O medo da mudança, e da própria liberdade , vem à tona,o que pode levar a um sentimento de desesperança e até de morte política através do voto Kamikaze.
Talvez não tenha sido à toa que vários políticos processados ou condenados , judicial e criminalmente , tenham sido eleitos e reeleitos com um grande número do votos , no primeiro turno.
Resta-nos esperar o segundo turno para verificarmos se o fenômeno se confirmará, ou se os eleitores terão coragem de sair pela porta da frente do cativeiro, e libertar-se, votando na liberdade, honestidade, correção e, principalmente, na democracia.
CARLA ROJAS BRAGA
PSICÓLOGA
RG 1020955652