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terça-feira, 8 de setembro de 2009

:: O Gringo merece ::

O técnico Felipão resolveu sair dos holofotes do futebol europeu nesta temporada e foi para o Uzbequistão para dirigir o Bunyodkor, onde encontrou com o meia Rivaldo. Depois de treinar o Chelsea, o brasileiro agora encara novos desafios e, em entrevista ao site oficial da Fifa, falou sobre seu futuro próximo e o que encontrou no distante país.

Além de disputar o campeonato nacional, o Bunyodkor também luta pelo título da Liga dos Campeões da Ásia, para marcar presença no Mundial de Clubes no fim do ano, em Dubai, nos Emirados Árabes. Felipão contou como foi parar no Uzbequistão e garantiu que o amigo Rivaldo teve influência direta na decisão.
Apesar de estar há pouco mais de dois meses no futebol do Uzbequistão, o técnico Luiz Felipe Scolari é só elogios ao país.
Líder do campeonato local com o Bunyodkor, o pentacampeão enaltece a estrutura do clube e faz questão de responder os críticos que disseram que sua escolha em treinar um clube inexpressivo no cenário mundial teria sido um passo atrás na carreira.
Um levantamento feito pelo jornal catalão “Sport”, publicado nesta terça-feira, mostra que Luiz Felipe Scolari é o técnico mais bem pago do planeta. Felipão aceitou uma proposta de € 13 milhões de euros por 18 meses de contrato com o Bunyodkor, do Uzbequistão, o que dá 8,6 milhões anuais. Além desse montante, o pentacampeão recebe € 8 milhões do Chelsea, como multa rescisória (ele foi demitido em fevereiro do clube inglês).
Ao todo, Felipão recebe € 16,6 milhões (R$ 42,7 milhões) por ano, superando o português José Mourinho que, de acordo com a imprensa italiana, ganha € 11 milhões por temporada.
Depois de quase dois meses no Uzbequistão, quais são suas primeiras impressões sobre o futebol do país? Tem como compará-lo com o de algum outro lugar?
Luiz Felipe Scolari: Está começando um projeto como outros países iniciaram tempos atrás com a contratação de jogadores de outros países e técnicos para, dentro de pouco tempo, agregar algumas coisas diferentes ao futebol local.

E em relação a estrutura do Bunyodkor? Está no mesmo patamar do futebol europeu?
Ainda não, mas está se preparando para estar num bom nível na Ásia, já que no nível europeu muito poucas equipes poderão chegar.

O nível da liga local é muito fraco? Afinal vocês estão muitos pontos na frente do segundo colocado (Nota: O Bunyodkor soma 60 contra 43 do Pakhtakor).
È um campeonato em que temos duas grandes equipes, quatro
equipes boas, duas equipes médias e oito pequenas e a diferença de pontos é porque vencemos o clássico e o rival empatou alguns jogos fora.

A derrota na final Copa do Uzbequistão prejudicou seu trabalho por aí?
Não prejudicou, mas atrapalhou um projeto que tínhamos e fizemos uma reavaliação geral em todos os sentidos. Desde atletas até a parte diretiva e de como temos de trabalhar também fora de campo.
Como é trabalhar com Rivaldo novamente?
É excelente , pois ele é um profissional correto e dedicado e minha relação é ainda melhor do que foi no Brasil e principalmente na Copa. É o capitão para todos os assuntos e amigo, algo que é muito importante para um técnico.
Muita gente, principalmente pessoas da imprensa inglesa e portuguesa, dizem que essa sua decisão de trabalhar no Uzbequistão foi uma escolha ruim para sua carreira. Uma espécie de declínio. O que você tem a dizer sobre isso?
O que tenho a dizer é que (eles) não sabem muito sobre algumas coisas e atiram para todo lado. Fiz algo que pensei com muito cuidado e estou muito contente com esta escolha, tanto para mim, quanto para minha comissão técnica e família. Trabalho com um grupo de atletas famintos por aprender, dedicados, tenho tempo para ensinar. Além disso, tenho total confiança de meu presidente, autonomia e vivo muito bem aqui no Uzbequistão.
Acredita que o fato de ter ficado quase sete anos trabalhando somente em seleções nacionais o prejudicou quando você voltou a trabalhar em clubes (Nota: em 2008, no Chelsea)?
Não. Mas do Chelsea nada tenho a comentar até que minha situação contratual se encerre, com todos os pagamentos efetuados, inclusive o que foi retido para pagamento de imposto que ainda não terminou. Mas também não esqueçam que fiz das seleções que trabalhei uma espécie de clube.
E o retorno ao futebol brasileiro? Vai acontecer em 2011?
É provável, pois até já tenho um pequeno compromisso de palavra se voltar em 2011, mas também tenho uma opção da minha equipe atual para mais um ano de contrato.

Tem acompanhado esse começo de temporada nos principais campeonatos europeus? Acredita que o Chelsea é o grande favorito ao título inglês? Afinal, os Blues perderam poucos jogadores - ou quase nenhum - enquanto seus rivais venderam bastante.
Naturalmente tenho visto pela televisão os jogos e estou a par dos acontecimentos, e acho que na Inglaterra são quatro os concorrentes pelo título.

O que achou das contratações do Manchester City? Acredita que o clube pode tomar de assalto o futebol inglês e europeu?
Acredito que fará um campeonato muito melhor que o ano passado, mas ainda terá um bom tempo para chegar a rivalizar na Europa com todos os outros grandes.
Sobre o Real Madrid, com todos esses reforços, vai conseguir desbancar o Barcelona que de certa forma já tem uma base montada?
Está com uma grande equipe e será um campeonato muito legal de se observar, mas o Barça tem também muita qualidade.

E a seleção portuguesa, que está em difícil situação nas eliminatórias. Acredita que ela possa conseguir reverter essa situação e garantir uma vaga na Copa?
Se vencer os dois jogos de setembro penso que estará sim na Copa. Mas se houver algum tropeço nestes jogos, aí só tem que pensar nos playoffs (repescagem) para ir ao Mundial.

Existe alguma possibilidade de você voltar a trabalhar na seleção portuguesa?
Tenho sempre a porta aberta em Portugal pelo trabalho e pela amizade com todos da comissão técnica e da população, mas neste momento não penso nesta alternativa.

Tem acompanhado o Brasileirão? Aposta suas fichas em quais equipes para o título?
Aposto que entre os cinco primeiros estarão Palmeiras, São Paulo, Grêmio e Inter pelo menos.